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Lifestyle

29 de Abril de 2016

Uma imersão na dança com Sara Diniz

A convite de People O POVO, em homenagem ao Dia Internacional da Dança, comemorado nesta sexta-feira (29.04), a desde pequena bailarina protagoniza lindo ensaio na Academia de Dança Vera Passos registrado pela fotógrafa, também ligada à arte da dança, Raquel Pimentel. Na entrevista, sua história e relação com a dança hoje

Foto: Raquel PimentelFoto: Raquel Pimentel
 

Marcamos o nosso encontro onde a dança cresceu forte em Sara Diniz, na Academia de Dança Vera Passos, onde desenvolveu sua paixão por jazz e sapateado. Em uma tarde ensolarada de sábado, ela e a amiga fotógrafa Raquel Pimentel, que foi especialmente convidada para capturar a entrega de Sara à dança, chegaram com pontualidade e determinação de bailarinas que são.


Já na sala espelhada de número 3 da academia, vestida no look preto “modelador”, faltava, porém, decidir-se por qual sapatilha de ponta – aquela tradicional do ballet – Sara usaria. A bela leva uma bolsa com três. Enquanto calçava rosinha nos pés de quem muito venceu desafios pelo jazz e sapateado levando o nome do Ceará a outros Estados do País e até em Nova York, Estados Unidos, demos início a nossa conversa.


Com People O POVO, e com a presença de sua mestra Vera Passos na sala, Sara Diniz, servidora pública federal hoje com 37 anos de idade, volta no tempo e resgata ainda da infância sua história entrelaçada com a dança. Sentada no piso de madeira, partindo para uma série de alongamentos “doloridos”, mas necessários, conta com riqueza de detalhes (e também de sentimento) os fatos mais marcantes de sua trajetória com a “segunda arte”.


Ela, que já morou em Paris, Florença, Londres, Nova York, Rio de Janeiro e está de volta a Fortaleza depois de cinco anos residindo em Brasília, nunca esqueceu a dança. A menina que entrou na Vera Passos aos 11 anos de idade e que foi a primeira a ganhar bolsa na famosa academia de dança (mérito este que a fez, aos 15 anos de idade, conquistar o título de professora na área), permanecendo até os 24 anos de idade na vida intensa de bailarina, é, hoje, uma mulher ainda mais apaixonada pela sua arte. No tempo em que esteve ausente, na dança, adquiriu consciência corporal, trabalhada há dois anos, com sua volta à atividade. Leia entrevista!

Como foi seu encontro com a dança?
Foi aos cinco anos de idade. Eu entrei porque as minhas irmãs faziam e eu sempre gostei. Era daquelas que ficava em casa dançando com as sapatilhas das minhas irmãs. Mas comecei seriamente a me dedicar quando a Vera (Passos) abriu a academia dela, em 1990. Nessa época, tinha 11 anos de idade, quando, junto com outros alunos da Vera, também comecei a me preparar para dançar fora, para competir, para ganhar festivais. Em paralelo, também fazia musicais.

 

Sara, o que te encanta na dança?
A beleza estética mesmo. Era uma diversão porque, criança, você não está preocupado em fazer exercício físico. Você acha lindo, suave, delicado, tem aquela coisa de palco, um pouco do exibicionismo, do contato social... Tudo isso é um conjunto de fatores que faz com que você vá gostando cada vez mais e aí nota que está progredindo, que tem um retorno das pessoas. Adorava me apresentar, fazer aula, encontrar com as minhas amigas na Vera... A dança tem muito disso, do encantamento pelo professor, pela dança em si, pelo ambiente e até pela música, o que me motivou a aprender piano. Enfim, não foi algo que parei tudo para ser bailarina, mas é a parte da minha vida que mais me define, aliás, é a melhor parte da minha vida, a dança. E tentei recuperar isso.


Você volta para a dança depois de um hiato de dez anos. O que fez nesse tempo e o que te levou retomar o caminho da dança?
Fiz duas faculdades, Direito e Contabilidade, pós em Relações Internacionais, e, nesse tempo, ainda estudava idiomas. Terminei francês, italiano, espanhol, inglês e agora estou no alemão e, com tanta coisa, não deu para conciliar os estudos, o trabalho e a dança. Então parei. Mas há dois anos, vendo essa tendência do pessoal mais velho voltar, não abro mais mão da dança. Quando saiu da aula, parece que jogaram uma bomba de felicidade em mim. Não é adrenalina pura simplesmente. É aquela sensação de você ouvir aquela música e colocar para fora todas as suas emoções. É único.

 

Foto: Raquel PimentelFoto: Raquel Pimentel
 

Hoje, como é sua rotina com a dança?
Faço dança todos os dias, no mínimo uma hora e meia por dia. Hoje, revezo entre o jazz (Academia de Dança Vera Passos) e o balé clássico (Madiana Romcy). Na época dos festivais, chegava a ficar de três a quatro horas me preparando.


Dessa sua trajetória com a dança, quais os momentos mais marcantes?
Em 1992, quando participei, em Joinville, do maior campeonato de dança do mundo. Foi o primeiro grande prêmio para o conjunto que fiz parte. A emoção de participar desse evento é incrível. Quando digo que já fui para Joinville, já é respeito. Porque conseguir passar... É dificílimo. Outro momento marcante foi quando ganhei a minha primeira bolsa aqui, na academia da Vera Passos. Na época, tinha 11 anos de idade e isso me empolgou a realmente levar a dança a sério. Mais um momento foi quando me emocionei, muito por causa da Vera, em uma aula com o melhor professor da Broadway da época. Tinha várias bailarinas moças e ele parou a aula para que todas prestassem atenção na Vera dançando porque ela tinha um feeling inacreditável que ninguém atingia... Foi o dia em que paramos a Broadway – estava presente e foi maravilhoso! Outro momento marcante foi quando fomos a um campeonato nos Estados Unidos chamado I Love Dance. Foi o nosso primeiro campeonato fora do País e levamos todos os primeiros lugares.


Das suas apresentações ao longo da carreira, qual tem sido a mais inesquecível?
A Fantasia (1995). Quando eu fiz, em um dos quatro atos do espetáculo Disney, a Bela, de a Bela e a Fera, no festival adulto promovido pela Academia de Dança Vera Passos.

 

E um que você assistiu?
Ah! Giselle, do Bolshoi. Na época, a companhia de balé de Moscou veio ao Brasil e fez dois espetáculos. O Spartacus também me marcou muito, é um espetáculo forte, mas Giselle é aquele que você se emociona, ele é denso, intenso... É do nível que eles chegam à perfeição. Respeito muito o trabalho deles. Mais um que me emocionou muito foi um espetáculo solo de dança moderna do russo Mikhail Baryshnikov que assisti em Paris. Ele dançava ao som do coração dele. Baryshnikov consegue, com maestria, passar emoção e ter o controle do corpo, o que é bem difícil.

 

Foto: Raquel PimentelFoto: Raquel Pimentel

Qual sua referência na dança? Quem te inspira nessa área?
Com certeza a Vera Passos! (Risos). Quando vou fazer aula, falam que tenho um jeito, uma expressão, na dança, até parecida com a dela. Esse feeling, com expressão, carão, é muito específico dos grupos orientados aqui. A Vera foi a primeira pessoa que eu quis dançar “igual”. (Risos).


Sara, dança é mais do que uma expressão corporal?
Quem faz dança, isso vira uma família. A nossa vida é toda voltada para o colégio, dança, faculdade, dança, trabalho, dança... Ensaiar, ver os espetáculos, sair com os amigos da dança... E isso representa uma felicidade tamanha, não só pela dança em si, pela arte, mas por todo esse movimento que a dança traz e permite para a vida de alguém. É um compromisso que você tem que está bem – corpo e mente – para dar sentido ao que você executa. Não importa os seus problemas, na hora da dança, você tem que ter concentração de eixo, de giro, de elegância!

 

No palco, que emoção te toma?
Quando estou no palco, tento fazer com que as pessoas se envolvam com aquele momento. Vejo a reação delas, o olhar arregalado que brilha, o sorriso, e você quer devolver essa expectativa na mesma intensidade. Você quer poder, por alguns minutos, que elas se emocionem, vibrem, fiquem felizes com a sua arte. É um pouco disso. E é o prazer, pela dança, que me traz de volta. Ela me rejuvenesce, faz bem para o meu corpo, a minha cabeça fica leve. A dança é um universo blindado, dos sonhos, onde você pode esquecer-se de tudo, proteger-se de tudo e assumir um personagem. Você viaja! E para quem gosta de arte, assim como eu, a dança é um sonho.


Em novo tempo, retomando após dez anos distantes, qual o papel da dança na sua vida?
Hoje a trato com muito mais maturidade, cuidado. Por exemplo, porto mais livros para melhorar o meu condicionamento físico, para entender a técnica dos movimentos. Mas também pego referência com as minhas amigas que são profissionais da dança e aí tento, já que conto com a desvantagem da idade, ter essa vantagem da maturidade, que é exatamente esse alinhamento e conscientização corporal, ou seja, tentar dançar com beleza e ao mesmo tempo com leveza e não dançar pelo exibicionismo, para provar que sabe e vai além. Ter um total controle do corpo passa uma emoção diferente, é um trabalho técnico diferente, então a maior compensação que a idade me trouxe foi, mais uma vez, a consciência corporal. Na minha vida, a dança era e ainda é a melhor parte do meu dia. Pretendo dançar até quando o corpo deixar.

Amplie o ensaio com Sara Diniz na Academia de Dança Vera Passos!